O presidente da Associação Comercial e de Inovação de Marília, Carlos Francisco Bitencourt Jorge, admite preocupação com o impacto que o “tarifaço” norte-americano pode causar no comércio varejista nos próximos dias. “O empresário que acha que está seguro porque não exporta para os Estados Unidos está enganado”, disse o dirigente mariliense que está como vice-presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). “Com o dólar já cotado a R$ 5,60 no mercado futuro, temos um efeito cascata: combustíveis sobem e insumos básicos encarecem e atingem desde a padaria da esquina até a indústria de médio porte”, falou em tom de preocupação. “Um aumento de 10% no custo dos insumos pode devorar toda a margem de lucro de uma Pequena ou Média Empresa, e estamos falando de aumentos potencialmente maiores”, disse ao acompanhar o noticiário dos impactos que a medida vem tendo no mercado brasileiro.
Segundo Carlos Francisco Bitencourt Jorge a indústria será a primeira a sentir o peso do “tarifaço”, já o agronegócio precisará de tempo, enquanto que o comércio teme pela inflação. “Lojas de material de construção estão estudando preços, enquanto que transportadoras ameaçam com o “gatilho diesel”, a cada R$ 0,30 de alta”, falou ao perceber que escolas particulares, por exemplo, estudam congelamento de mensalidades temendo evasão. “As compras coletivas devem voltar”, prevê o dirigente de Marília ao acreditar que as pequenas e médias empresas, se unindo para importar juntas, e diluir custos deverá ser o melhor caminho, num primeiro momento. “Empresas com gestão estruturada têm três vezes mais chances de sobreviver a crises”, afirmou.
A sugestão do dirigente de Marília é que o empresariado em geral mantenha-se informado, afinal, o Presidente Trump é instável. “Transparência gera engajamento na empresa”, disse Carlos Francisco Bitencourt Jorge ao sugerir reuniões constantes para atualizar toda a equipe. “Decisão boa hoje vale mais que decisão perfeita em 30 dias”, defende o atual conselheiro da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB). “Crise não é desculpa para piorar. É hora de surpreender e fidelizar”, alertou ao observar que “protagonistas estudam mais em crise. Já as vítimas só assistem ao noticiário o dia todo”, alertou.
Para o presidente da Associação Comercial e de Inovação de Marília este tarifaço pode ser oportunidade de melhorias para mercados como Chile, Portugal e Angola que estão cada vez mais receptivos a produtos brasileiros, sobretudo quando oferecem diferenciação, inovação ou apelo regional. Além disso, o Brasil possui acordos comerciais no âmbito do Mercosul e com países da América Latina, Europa e Ásia que reduzem tarifas e facilitam o acesso a mercados. “Para quem está disposto a se planejar, adaptar e buscar apoio técnico, a exportação pode ser uma alavanca real de crescimento”, defendeu.
PROGRAMA ACREDITA EXPORTAÇÃO – Este programa governamental promete devolver parte dos tributos federais pagos por pequenas e médias empresas que atuam no comércio exterior. A proposta, que aguarda sanção presidencial, prevê a devolução de até 3% dos tributos federais (Pis/Cofins) sobre insumos usados na produção de bens exportados por Pequenas e Médias Empresas. “Isto deve causar um impacto positivo da medida para o setor”, disse Carlos Francisco Bitencourt Jorge, afinal, o programa permite a recuperação de tributos na cadeia produtiva, além de reduzir custos e melhorar a competitividade internacional das pequenas empresas. “Com menor custo, os produtos se tornam mais atrativos para o comprador lá fora”, apontou o presidente da associação comercial mariliense.