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Presença crescente do governador Tarcísio na região não resolve crise dos prédios do CDHU em Marília

Em 99 dias, o governador esteve 5 vezes na região administrativa, mas a situação dos apartamentos do CDHU “Paulo Lúcio Nogueira”, evacuados por risco de desabamento, segue inalterada, lembrando um cenário pós-guerra

Por: Redação
18/10/2025 às 12h58 Atualizada em 21/10/2025 às 20h08
Presença crescente do governador Tarcísio na região não resolve crise dos prédios do CDHU em Marília
Prédios do CDHU “Paulo Lúcio Nogueira”, em Marília, seguem evacuados e sem solução, com estrutura que lembra ruínas pós-guerra - Foto: Cristiano Gonçalves/jornal A Cidade

O governador Tarcísio de Freitas intensificou sua presença na região administrativa de Marília nos últimos meses. Em um período de 99 dias – entre 27 de junho e 4 de outubro de 2025 -, o governador cumpriu agenda por 5 vezes na área, visitando um total de 9 municípios, incluindo três passagens pela própria Marília (27 de junho, 21 e 22 de agosto). No entanto, o aumento da sua proximidade contrasta drasticamente com a ausência de solução para um dos dramas sociais mais urgentes: os apartamentos do conjunto habitacional CDHU “Paulo Lúcio Nogueira”, na zona Sul, que continuam abandonados e em ruínas.

A série de visitas começou em 27 de junho de 2025, com a entrega de unidades habitacionais em Marília. A agenda mais intensa ocorreu em 21 de agosto de 2025, quando a comitiva estadual esteve em Chavantes, Canitar, Palmital, Assis e Tarumã. Ainda nesta data, 21 de agosto, Tarcísio chegou ao município de Marília, onde jantou com o prefeito Vinicius Camarinha e pousou na cidade. No dia seguinte, em 22 de agosto de 2025, liderou a Caravana 3D, que chegou a Marília para a reunião com os prefeitos e seguiu para Echaporã. Em 20 de setembro de 2025, a agenda foi cumprida em Vera Cruz e Pompeia. Por fim, mais recentemente, em 4 de outubro de 2025, Tarcísio esteve em Oscar Bressane e Tupã.

Sem telhados e com esquadrias removidas, o conjunto habitacional abandonado gera insegurança
na zona Sul de Marília - Foto: Cristiano Gonçalves/jornal A Cidade

Apesar de Marília ter sediado duas agendas de grande porte do governador neste período, a situação do CDHU Paulo Lúcio Nogueira é um retrato do impasse. As famílias foram obrigadas a deixar seus apartamentos entre o primeiro e o segundo semestre de 2024, após ordens judiciais confirmarem o risco de desabamento. Desde então, o poder público municipal realocou os moradores e passou a fornecer um auxílio-moradia para custear seus aluguéis. Atualmente, é a CDHU quem paga por este auxílio-moradia.

O drama dos antigos moradores se manifestou publicamente em 22 de agosto, durante a Caravana 3D no Teatro Municipal de Marília. Um grupo de famílias compareceu ao local na tentativa de obter uma audiência com o governador Tarcísio, mas, aparentemente, não obteve sucesso. Em uma das suas passagens anteriores pela cidade, ainda em 2024, o governador já havia sido questionado sobre o caso. Na ocasião, ele explicou que o Estado não poderia ser responsabilizado por um conjunto habitacional que foi entregue há mais de 25 anos, cuja responsabilidade pela manutenção teria sido transferida aos próprios moradores após a entrega.

A paisagem de abandono

A reportagem do jornal A Cidade visitou o local nesta semana e flagrou uma paisagem desoladora: os prédios do CDHU “Paulo Lúcio Nogueira” estão sem telhados, com esquadrias nas janelas arrancadas e sinais claros de abandono. A cena lembra um local que foi bombardeado em uma zona de guerra. A situação gera insegurança no entorno, e foram flagradas inclusive pessoas no teto dos edifícios. O cenário clama por uma solução imediata do Estado de São Paulo e também da CDHU.

Com famílias dependendo de auxílio-moradia, o destino dos prédios do “Paulo Lúcio Nogueira” permanece uma
incógnita para o Estado e CDHU - Foto: Cristiano Gonçalves/jornal A Cidade

A cada mês que se passa, o erário público segue alocando recursos para o auxílio-moradia, enquanto pessoas que investiram as economias de uma vida na compra de seus apartamentos continuam sem perspectiva. A ausência de uma definição sobre a reconstrução ou indenização gera incerteza e instabilidade para centenas de famílias. A intensa agenda do governador na região serve como um holofote que, ironicamente, expõe ainda mais a paralisia do poder público diante de um problema habitacional que se arrasta há mais de um ano, exigindo urgência e dignidade.

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