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Emissões de carbono por transportes disparam em Marília e consolidam desafio climático

Com 266 quilotons em 2012, setor é o principal emissor de GEE da cidade, e recente alta de 23% anula ganhos ambientais

Por: Redação
24/11/2025 às 07h19 Atualizada em 01/12/2025 às 19h26
Emissões de carbono por transportes disparam em Marília e consolidam desafio climático
Marília tem o setor de Transportes como o maior gerador de emissões de carbono, sendo responsável por mais de 90% dos gases de efeito estufa ligados à energia

Marília enfrenta um persistente desafio ambiental impulsionado principalmente pelo setor de Transportes. Dados de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do setor de Energia, no período de 2010 a 2024, revelam que o transporte veicular é, de longe, o maior vilão da cidade. Em quase todos os anos analisados, a categoria responde por mais de 90% do total de emissões energéticas, demonstrando a forte dependência de combustíveis fósseis na matriz de locomoção local.

A série histórica de 15 anos aponta que as emissões de GEE pelo setor de Transportes atingiram seu ponto mais crítico em 2012, registrando um total de 266,03 quilotons (kt). Esse pico de emissões sublinha o ano de maior impacto climático direto proveniente da circulação de veículos na cidade, colocando uma pressão significativa sobre as metas de sustentabilidade municipal.

Apesar do pico em 2012, o cenário permanece preocupante. Em 2024, o setor de Transportes manteve um alto patamar de emissões, fechando o período em 243,98 kt. Isso representa uma redução de aproximadamente 8,3% em relação ao ano de maior registro (2012), indicando que as políticas de mobilidade urbana ainda não conseguiram promover uma transição energética substancial na frota.

Poluição industrial recua

Contrastando com o transporte, o setor Industrial demonstrou um comportamento de queda gradual. Se em 2010 a indústria emitia 5,29 kt, em 2024 esse volume caiu para 2,30 kt, ou seja, uma redução de mais de 50%. Essa diminuição pode refletir a adoção de tecnologias mais limpas ou mudanças na matriz produtiva local ao longo da última década e meia.

O setor Residencial também se mostra relevante, embora em menor escala que o de Transportes. As emissões domiciliares variaram significativamente, partindo de 18,45 kt em 2010 para atingir um pico em 2016 com 27,42 kt, e encerrando o período em 20,89 kt em 2024. O controle das emissões residenciais, frequentemente ligadas ao consumo de gás e energia, requer atenção contínua.

Já os setores Comercial e Público apresentam volumes menores, mas com tendências de alta em 2024. O Comércio subiu de 1,11 kt em 2010 para 2,16 kt em 2024. Enquanto isso, o setor Público, após uma queda abrupta em 2011 (de 6,94 kt para 0,06 kt), voltou a crescer, registrando 4,43 kt em 2024, demandando explicações sobre o salto e a subsequente recuperação.

Desafios por categoria

A categoria Agropecuária merece um olhar à parte. Suas emissões são as menores, flutuando em patamares baixíssimos (quase nulos em alguns anos). O pico foi registrado em 2021, com 1,52 kt, e a emissão de 2024 foi de apenas 0,38 kt, confirmando a baixa representatividade do setor no total das emissões energéticas municipais.

Olhando para a última década, a maior redução percentual nas emissões de Transportes ocorreu entre 2014 (264,81 kt) e 2019 (199,44 kt), período em que houve uma queda notável de mais de 65 kt. Essa redução pode ser atribuída a fatores econômicos, à crise no consumo de combustíveis ou à maior utilização de biocombustíveis na frota.

No entanto, a partir de 2020, o setor de Transportes voltou a acelerar o ritmo de emissões. Os volumes saltaram de 197,83 kt (2020) para 243,98 kt em 2024. Esse aumento de cerca de 23,3% em apenas quatro anos anula grande parte dos avanços observados na metade da década anterior e indica a retomada da intensidade de uso de veículos na cidade.

A análise global dos dados demonstra que a luta de Marília contra as emissões de GEE é, essencialmente, a luta por uma mobilidade urbana sustentável. Enquanto o Transporte não sofrer uma intervenção estrutural, ele continuará a ser o principal obstáculo para a neutralização de carbono no município.

O desempenho contrastante entre os setores Industrial (com queda) e Transportes (com alta) sugere que as ações de mitigação na cidade precisam ser direcionadas e urgentes para a circulação veicular, seja através do incentivo a modais não poluentes ou da eletrificação da frota pública e privada.

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