19°C 27°C
Marília, SP
Publicidade

5 cidades da região têm câncer como principal causa de morte; Marília fica fora do ranking

Na região, Lutécia, Fernão, Iacri, Oscar Bressane e Uru registram ao menos 20% das mortes por tumores malignos

Por: Redação
18/11/2025 às 22h28 Atualizada em 29/11/2025 às 09h01
5 cidades da região têm câncer como principal causa de morte; Marília fica fora do ranking
Na região de Marília, pequenas cidades como Lutécia e Uru registram mais de 20% dos óbitos por tumores - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O câncer se consolida como uma das maiores ameaças à saúde pública no Brasil, com uma escalada alarmante no número de municípios onde a doença já é a principal causa de morte. Segundo dados de um novo estudo do Observatório de Oncologia - uma iniciativa do Movimento Todos Juntos contra o Câncer - que analisou a mortalidade entre 1998 e 2023, o número de cidades nessa situação subiu de 516 em 2015 para 670 em 2023, um crescimento acumulado de 30%. Marília, entretanto, conseguiu ficar de fora desta lista preocupante no último ano analisado, apesar de a doença ser a 2ª maior causa de óbitos no país, atrás apenas das doenças cardiovasculares.

O panorama nacional revela que, em 2023, 670 cidades brasileiras – o equivalente a 12% do total – tiveram o câncer como o maior responsável por mortes, superando qualquer outra categoria de enfermidade. Essa evolução demográfica da doença é mais acentuada nas regiões Sul e Sudeste, que concentram 76% desses municípios, indicando uma forte correlação entre desenvolvimento socioeconômico e o aumento da longevidade, que eleva o risco de doenças crônicas como o câncer. O Rio Grande do Sul, por exemplo, apresentou a maior proporção estadual.

Apesar de Marília não figurar no ranking de 2023, a área de abrangência regional demonstrou que o desafio do câncer está disseminado. Na região, cidades de menor porte populacional registraram percentuais significativos de óbitos atribuídos a tumores malignos, evidenciando que a mortalidade por neoplasias não se restringe apenas aos grandes centros urbanos. A análise do porte populacional indica, inclusive, que 48% dos municípios com o câncer como principal causa de morte são de pequeno porte, com até 25 mil habitantes.

Mortalidade na região

A análise detalhada dos óbitos em 2023 na região de Marília mostra que algumas cidades de pequeno e médio porte enfrentam o problema com particular intensidade. No ano passado, diversos municípios tiveram o câncer respondendo por pelo menos um quinto de todas as mortes. Em Lutécia, 28% dos óbitos foram causados por neoplasias, com taxa de mortalidade de 187,9 por 100 mil habitantes. Fernão também registrou 28% e uma taxa de 301,9, Iacri atingiu 21% e taxa de 212, Oscar Bressane 28% e 404,9, Uru 33% e 360,5, e Campos Novos Paulista 24% e 184,1.

Quase 20% de mortes em 2020

Em 2020, Marília já havia integrado o rol de cidades com um percentual considerável de mortes provocadas pelo câncer. Naquele ano, a taxa de mortalidade por câncer na cidade foi de 361 por 100 mil habitantes, e a doença respondeu por quase 20% de todos os óbitos registrados no município. Esse dado de anos anteriores sublinha a necessidade de atenção contínua e de políticas públicas voltadas à prevenção na metrópole do interior paulista.

Globalmente, o câncer foi responsável por cerca de 10 milhões de mortes em 2021, o que equivale a 23% de todos os óbitos por Condições Crônicas Não Transmissíveis (CCNT). Cerca de 30% dessas mortes estão intrinsecamente ligadas a fatores comportamentais e dietéticos que são modificáveis, como o tabagismo, o sedentarismo, a obesidade e o consumo excessivo de álcool. Tais fatores representam alavancas críticas para a saúde pública em nível local e nacional.

O perfil das vítimas no Brasil segue o padrão mundial e está concentrado em idosos e homens. Cerca de 56% das mortes por câncer em 2023 ocorreram entre a população masculina, e 77% atingiram indivíduos com 60 anos ou mais. Os tipos de neoplasias mais letais a nível nacional no último ano foram o de pulmão (12% das mortes por câncer), o de mama (8%) e o de próstata (7%), reforçando a importância do rastreamento e diagnóstico precoce desses tumores.

Câncer avança desde 1998

O crescimento do câncer como causa de morte é um fenômeno que ganha velocidade no país. No período de 1998 a 2023, as mortes por câncer aumentaram em 120%, uma taxa de crescimento 2,3 vezes mais rápida do que a registrada para as doenças do aparelho circulatório, que cresceram 51% no mesmo intervalo. Essa dinâmica exige que o planejamento em saúde seja adaptado rapidamente ao novo cenário epidemiológico.

Para o triênio 2023–2025, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima um total de 704 mil novos casos anuais no Brasil, mantendo o câncer como um desafio persistente e crescente para o sistema de saúde. A predominância nas regiões mais desenvolvidas, como Sul e Sudeste, aponta para a necessidade de intensificar a fiscalização sobre os fatores de risco e a disponibilidade de tratamento especializado.

O estudo reforça a urgência de reorientar as políticas públicas de saúde, com foco na prevenção primária e no fortalecimento da rede de atenção oncológica. A situação nas cidades da região de Marília e o histórico do próprio município demonstram que, mesmo fora do topo do ranking, o câncer é uma questão de saúde pública prioritária que demanda intervenções direcionadas para desacelerar o ritmo de crescimento da mortalidade.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários