A identidade de uma cidade não se constrói apenas por sua geografia ou economia, mas também pela forma como seus habitantes se nomeiam. Em Marília, o Censo 2022 do IBGE revela um fascinante retrato da população através da análise dos primeiros nomes e sobrenomes mais frequentes. O que se percebe é um equilíbrio entre a tradição familiar e as novas tendências que moldaram os registros civis na última década.

A força do nome clássico é inegável no levantamento geral, que engloba todas as gerações. Maria lidera o ranking de primeiros nomes mais frequentes na cidade, com 0,57% dos registros totais. Logo após a campeã, encontra-se Ana (0,44%), consolidando a preferência feminina por nomes de origem bíblica e de forte ressonância cultural no país.

No entanto, a lista geral de Marília já apresenta uma mescla com escolhas masculinas populares, como Miguel (0,34%) e João (0,33%), que ocupam o terceiro e quarto lugares, respectivamente, mostrando que os nomes de raízes históricas continuam no topo. A análise fica ainda mais interessante ao focar na geração mais recente, nascida entre 2010 e 2019. Nesse período, enquanto Maria mantém a liderança (0,25%), a principal mudança é a ascensão meteórica de Davi, que pula para a terceira posição, com 0,11% dos registros.

Essa popularidade de Davi é espelhada no crescimento de Helena e Alice no ranking da década, indicando que os pais marilienses na última geração têm demonstrado forte atração por nomes curtos, com sonoridade marcante e, muitas vezes, de inspiração bíblica ou mitológica.

Outra tendência evidente é o fortalecimento de nomes como Arthur e a inclusão de opções mais modernas, como Gael, que aparece no top 10 da década 2010-2019. Isso sugere que as tradições coexistem com a busca por nomes que reflitam as influências globais e a simplificação da linguagem.

Sobrenomes

Em contraste com a variação nos primeiros nomes, a estrutura dos sobrenomes em Marília é sólida e segue o padrão histórico nacional. Os três sobrenomes mais frequentes são Silva (12,96%), Santos (8,91%) e Oliveira (6,00%). Essa predominância, que se estende por todo o top 15 com nomes como Souza, Pereira e Rodrigues, sublinha a forte herança luso-brasileira na formação genealógica do município, revelando a continuidade das famílias pioneiras e migrantes.

Os sobrenomes funcionam como um pilar de identidade estável, refletindo séculos de história, enquanto os primeiros nomes atuam como um termômetro das tendências culturais e sociais de cada nova década. Os dados completos, extraídos do Censo 2022, fornecem uma base estatística robusta para entender as escolhas dos pais, as heranças familiares e as dinâmicas demográficas que definem o perfil dos moradores de Marília.

O Brasil é da dona Maria e do seu José

O Brasil é um país formado principalmente por Marias, Josés, Silvas e Santos. De cada cem brasileiros, seis são Marias. Elas somam 12,3 milhões de pessoas. Nas cidades cearenses de Morrinhos e Bela Cruz, as Marias somam 22% da população. Já os Silvas são 34 milhões de brasileiros ou 16% da população. Em seis cidades de Pernambuco e Alagoas, os Silva são mais de 60% da população. As revelações fazem parte do site Nomes do Brasil, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já nomes como Gael, Ravi e Valentina tiveram crescimento vertiginoso a partir de 2010. Se na primeira década do século 21 nasceram 763 pessoas chamadas Gael, entre 2020 e 2022 foram 96,5 mil. Ao todo, o IBGE identificou mais de 140 mil nomes e 200 mil sobrenomes. Não há diferenciação entre sinais gráficos, ou seja, não há diferenciação entre Tamara e Tâmara. Já casos como Ana e Anna, Luís e Luiz, os nomes são contabilizados separadamente.