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Marília perdeu mais de 10 agências bancárias em dois anos

Encolhimento das estruturas físicas é a manifestação mais visível da revolução digital

Por: Redação
02/11/2025 às 12h00 Atualizada em 03/11/2025 às 11h58
Marília perdeu mais de 10 agências bancárias em dois anos
O fechamento de mais de dez agências nos últimos dois anos na base de Marília é o principal desafio dos bancários

O fechamento recente da agência da Caixa Federal na avenida Tiradentes trouxe à tona um problema que é cada vez mais perceptível pela população de Marília: o encolhimento das estruturas físicas de instituições bancárias. Por se tratar de uma instituição pública - onde os trabalhadores ingressam por concurso público e, portanto, têm estabilidade do emprego - não houve cortes. Contudo, conforme observou o presidente do Sindicato dos Bancários de Marília e Região, Edilson Julian - reeleito para mais 4 anos de mandato na última quarta-feira, dia 29 de outubro, com mais de 99% dos votos válidos - a ausência de ponto físico para atendimento dos consumidores fere princípios legais. “As pessoas têm o direito de atendimento bancário presencial, conduzido por um bancário ou uma bancária, não por uma inteligência artificial”, contextualizou.

A vitória da Chapa 1 Democracia e Luta, que garantiu a reeleição de Edilson Julian para a presidência do Sindicato dos Bancários de Marília e Região com mais de 99% dos votos válidos, traduz-se menos em celebração e mais em um endosso à resistência. Julian assume a gestão 2026-2029 ciente de que o desafio primordial não é apenas a manutenção de direitos adquiridos, mas a sobrevivência física e laboral da categoria diante de um cenário de contração e avanço tecnológico.

O foco imediato da nova diretoria é combater a crise de emprego desencadeada pelo fechamento em massa de agências. O presidente reeleito classifica o fenômeno como uma "preocupação muito grande" que atinge todo o Brasil. O impacto é sentido de forma aguda na base territorial de Marília, que perdeu mais de dez agências apenas nos últimos dois anos.

Este encolhimento das estruturas físicas é a manifestação mais visível da revolução digital e tem um efeito destrutivo que se estende muito além do trabalhador bancário. A redução do número de pontos de atendimento prejudica a população, que tem dificuldade em acessar serviços presenciais, e o comércio local, que perde locais essenciais para movimentação financeira, como depósitos e pagamentos.

A luta contra essa "desmaterialização" das agências bancárias é complexa, pois envolve não apenas os postos de trabalho dos bancários, mas também toda a cadeia de serviços. Julian lembra que a redução afeta o trabalhador bancário, o vigilante e os funcionários de limpeza, diminuindo postos de trabalho em três frentes.

Edilson Julian ponderou sobre os desafios do setor bancário para os próximos 4 anos

O desafio das fintechs

A pressão sobre os postos de trabalho está intrinsecamente ligada à ascensão das fintechs e dos bancos digitais. Essas financeiras tecnológicas representam o lado mais desafiador da inovação para o sindicato por realizarem as mesmas operações do setor bancário tradicional, mas por meios digitais, dispensando a mão de obra humana.

Essa diferença estrutural cria um obstáculo significativo nas mesas de negociação com a Fenaban. Segundo Julian, a dificuldade de pauta reside justamente no modelo de trabalho das fintechs, que operam fora das regras sindicais e laborais convencionais, enfraquecendo o poder de barganha da categoria em suas campanhas.

Em contraponto à digitalização, a liderança sindical reforça o direito inalienável do consumidor ao atendimento humano. A população, amparada por leis municipais, tem o direito de exigir ser atendida por pessoas nas agências, dentro do tempo hábil. O sindicato estimula a reclamação formal em órgãos competentes caso o atendimento não seja satisfatório.

A urgência da saúde

A pressão do sistema digital e a sobrecarga de trabalho nos quadros reduzidos resultaram em uma pauta urgente de saúde. O presidente reeleito observa que “o bancário vem adoecendo muito” tornando a saúde do trabalhador um foco de campanha e de ação prioritária para o novo mandato.

A dificuldade em mensurar o problema do emprego foi agravada pela mudança na legislação, que eliminou a obrigatoriedade de homologação no sindicato. O levantamento de demissões, agora, depende das visitas mensais às agências, o que atrasa a contabilidade precisa, mas confirma a diminuição constante do quadro de funcionários.

Apesar dos desafios, a categoria já se organiza para a Campanha Salarial de 2026, com início previsto para junho. Julian antecipa que a categoria exigirá ganho real, argumentando que a alta lucratividade dos bancos justifica o atendimento às reivindicações, enquanto as mesas temáticas, como a de segurança bancária, seguirão permanentes ao longo do ano. 

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