
O Painel do Terceiro Setor do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) trouxe informações sobre as verbas destinadas às organizações não governamentais. A plataforma, que tem o objetivo de apresentar de forma clara os repasses para entidades filantrópicas em áreas como Saúde, Cultura, Assistência Social e Educação, divulgou os dados consolidados do primeiro semestre de 2025. As informações, coletadas em julho, indicam um volume expressivo de recursos injetados na economia social de Marília.
De janeiro a junho deste ano, a Cidade Símbolo de Amor e Liberdade transferiu mais de R$ 143,3 milhões para o Terceiro Setor. Todo esse montante coloca Marília em uma posição de destaque, representando R$ 581,24 por habitante, considerando sua população de 246.627. O Painel, que se baseia em dados do SIGEO (Secretaria Estadual da Fazenda) e do Sistema Audesp (informações contábeis fornecidas pelos municípios ao TCE-SP), organiza esses números por CNPJ da matriz de cada entidade parceira.
Conforme a análise dos dados, a área da Saúde absorveu a maior fatia dos recursos, recebendo cerca de R$ 134 milhões. Na sequência, a Assistência Social recebeu R$ 5,7 milhões, seguida pela Educação, com R$ 1 milhão. Outras áreas, como esporte e cultura, foram contempladas com cerca de R$ 652 mil.
A modalidade de Convênio foi a forma mais recorrente de transferência, totalizando R$ 53,6 milhões, o que corresponde a 37,42% do total. Em segundo lugar, apareceu o repasse via Tabela SUS (Sistema Único de Saúde), somando R$ 29,8 milhões. O pagamento por auxílio e subvenção representou a terceira via mais utilizada (R$ 28,6 milhões), enquanto os Contratos de Gestão responderam por R$ 22 milhões (15,60%).
A origem dos recursos destinados ao Terceiro Setor em Marília revela uma forte dependência do orçamento federal. A principal fonte de repasse foi o Governo Federal, que contribuiu com 45,28% do total, ou quase R$ 65 milhões. Os Recursos Municipais foram a segunda fonte (R$ 45,5 milhões), e o Governo Estadual a terceira, com R$ 32,7 milhões (22,86%). Uma única Emenda Parlamentar de R$ 150 mil, destinada à Associação Esportiva Nikkey Clube de Marília, completou o quadro, representando 0,10%.
No ranking das entidades beneficiadas, a Santa Casa de Marília lidera com R$ 48 milhões, sendo a maior parte deste valor (quase R$ 30 milhões) proveniente do Governo Federal, complementado por R$ 17 milhões do Estado e R$ 1 milhão do Tesouro Municipal.
Em um cenário de repasses quase idêntico, o ABHU (Associação Beneficente Hospital da Unimar) aparece como a segunda entidade no ranking, com R$ 47 milhões recebidos. Esta cifra é notável pela distribuição equilibrada das fontes: R$ 16 milhões vieram do Município, R$ 12 milhões do Estado e R$ 18 milhões do Governo Federal.
A Gota de Leite figurou como a terceira instituição mais contemplada, com R$ 19 milhões do Município, R$ 7,5 milhões do Governo Federal e R$ 936 mil do Estado. Na sequência, a Santa Casa de Chavantes, responsável pela operação do SAMU, recebeu R$ 6,6 milhões, provenientes do Município (R$ 3,14 milhões) e do Governo Federal (R$ 3,5 milhões), sem verba estadual. O Hospital Espírita de Marília (HEM fecha o top 5 com R$ 5,6 milhões.
Ao todo, o Painel do Terceiro Setor indicou que 11 entidades de Marília foram contempladas com verbas dos três entes federativos: Município, Estado e União.
Para contextualizar, os mais de R$ 143 milhões repassados em Marília evidenciam a importância do Terceiro Setor na prestação de serviços essenciais. No cenário estadual, a entidade que mais recebe repasses é a Fundação do ABC, com R$ 1,4 bilhão – um valor que se aproxima do orçamento anual da própria Marília. No estado, mais de 75% dos recursos são canalizados para a Saúde, e a modalidade de Contrato corresponde a mais de um terço (33,12%) dos ajustes.
A posição de Marília no ranking de repasse por habitante, de R$ 581,24, é favorável quando comparada a cidades de porte similar, como Jaú, Botucatu e Araraquara, ficando acima delas. Contudo, Marília ainda está atrás de municípios vizinhos menores, como Pompeia (R$ 755,51 por habitante), Garça (R$ 638,85) e Quintana (R$ 586,91), em uma lista liderada por Ilhabela. Os dados do TCE-SP, oriundos de fontes oficiais, confirmam o papel crucial e multimilionário que as entidades filantrópicas de Marília desempenham na manutenção de serviços públicos.