A mãe dele seguia de volta para Bahia após uma romaria. O ônibus que a levava se envolveu num acidente. Infelizmente, ela não sobreviveu. No outro ônibus, que também acabou batendo, a irmã dele, grávida, sofreu graves ferimentos, porém sobreviveu. Ele, então, em oração e fé, pediu para Nossa Senhora Aparecida intervir e, apesar dos médicos orientarem o tempo todo que seria mais prudente interromper a gravidez para salvar a vida da sua irmã, a criança perfeita veio ao mundo. Hoje, este homem que perdeu sua mãe e orou pela vida da irmã e da criança dela, é o padre Reinaldo Reis Lima, atual pároco da igreja matriz de Santo Antônio e, por coincidência do destino, responsável religioso pela única capela erguida em homenagem à Aparecida em toda a cidade de Marília.

O Brasil, um dos maiores países católicos do mundo, preserva há mais de 300 anos o culto à Mãe de Jesus, interpretada pela estátua de Nossa Senhora da Conceição encontrada acidentalmente por três pescadores nas barrosas águas do rio Paraíba do Sul, na região do Vale do Paraíba paulista. Neste local, onde a imagem foi resgatada, encontra-se hoje o maior santuário mariano do mundo: a cidade de Aparecida, que recebe anualmente milhões de fiéis em busca de bênçãos e agradecimento.

Em Marília, a Capela Nossa Senhora Aparecida, localizada na rua dos Crisântemos, nº 68, na Vila Jardim, se une à festa nacional promovendo uma grande novena e festa da padroeira, até o dia 12 de outubro. A programação religiosa e festiva, detalhada em um folder divulgado à comunidade, tem como tema principal ‘Com Maria, Mãe da Esperança, conhecer Jesus e cuidar da Vida’.

A novena, que acontece diariamente às 19h30, segue até o dia 11 de outubro com temas e gestos concretos que celebram diferentes aspectos da fé e do cuidado com o próximo. O primeiro dia, por exemplo, teve como tema ‘Com Maria, conhecer Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem!’ e o gesto concreto foi a doação de Feijão. A programação conta com convidados especiais como o Apostolado da Oração e a Comunidade São Gaspar Bertoni, além de missas temáticas como a Liturgia Cantada e a Liturgia Falada.

O ponto alto das celebrações acontece no dia 12 de outubro, a solenidade da rainha e padroeira do Brasil. Serão celebradas quatro missas em diferentes horários para acolher a multidão de fiéis. A primeira missa ocorrerá às 8h, precedida pela Passagem do Véu. Em seguida, haverá uma celebração às 10h00. O Ofício da Imaculada Conceição será rezado às 11h30, e a Missa Solene com a Coroação de Nossa Senhora será às 15 horas. Encerrando o dia festivo, outra missa será celebrada às 19 horas.

Além da programação religiosa, os dias 10, 11 e 12 de outubro serão marcados pela Festa da Padroeira, com a venda de comidas típicas, música e alegria no recinto na rua dos Crisântemos, nº 68, para toda a família.

Relevância da devoção

“Penso que, o mais evidente na devoção a Nossa Senhora Aparecida é ser vista como símbolo de fé, proteção, intercessão e esperança para o povo brasileiro”, falou o pároco. “Ter Maria como intercessora é perceber um laço maternal de Deus” , observou. O padre Reinaldo mencionou ainda o milagre familiar que o conecta à santa. “Perdi minha mãe em um acidente de trânsito, estava no ônibus de romaria que estava retornando para Bahia. Minha irmã estava no meu ônibus, grávida e, apesar de alguns ferimentos não mais graves, aconteceu. Foi orientada a interromper a gravidez e não aceitou. A criança nasceu sem nenhum problema”, contou.

O padre Reinaldo destacou a importância da Virgem Maria no panorama religioso do Brasil. “Acredito que sim. Nossa Senhora Aparecida é a principal santa do Brasil, apesar de outros destaques como Santa Dulce e Santa Paulina”, comentou.

Santas e santos brasileiros

De fato, a fé em Aparecida extrapola as fronteiras, mas o Brasil também celebra outros grandes nomes do catolicismo que tiveram suas vidas dedicadas ao País. Entre eles está Santa Dulce dos Pobres, nascida na Bahia e irmã de caridade que marcou a solidariedade brasileira no Século XX, sendo um marco de bondade, caridade e luta em defesa dos pobres. Conta-se que, certa feita, ao percorrer as feiras da Bahia em busca de donativos e alimentos para os doentes, recebeu em uma das mãos um cuspe. O agressor teria dito: ‘Está aqui o que você vai levar para os pobres’. Irmã Dulce, serena, recolheu a mão humilhada e disse: ‘Esse cuspe é para mim, agora você trate de dar o que posso levar aos pobres’.

Outra importante figura é Santa Paulina. Embora estrangeira, ela realizou sua caridade e profissão de fé no Brasil, na região Sul, e foi a primeira pessoa que viveu no Brasil a ser canonizada pelo Vaticano, sendo tida como a primeira santa brasileira. Existem ainda outros santos brasileiros, como São Frei Galvão, que era da cidade de Guaratinguetá, município vizinho de Aparecida, e os mártires do Rio Grande do Norte – mortos durante uma missa – que também receberam a canonização da Igreja Católica.

Apoio aos aflitos

Após mais de 300 anos de devoção, Aparecida continua servindo de apoio para mentes e corações aflitos. Muitos relatam que suas forças são renovadas a cada ave maria pronunciada com a alma conectada ao santuário mariano mais visitado do Brasil. No ano passado, por exemplo, Aparecida recebeu mais de 13,5 milhões de fiéis, um sinal de que a fé na padroeira do Brasil é uma fonte inesgotável de esperança que abraça a nação. A capela de Marília espera receber de 4 a 5 mil fiéis nas celebrações deste ano de 2025. Que o manto azul e branco da Senhora Aparecida continue a cobrir e proteger o povo brasileiro, guiando-o no caminho da paz e da vida plena.