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BR-153: abandono na rodovia pedagiada provoca indignação em Marília

Transbrasiliana, sob concessão da Triunfo, segue com pavimento deteriorado e sem faixas adicionais, enquanto usuários cobram melhorias urgentes em trecho vital para a região

Por: Redação
08/10/2025 às 07h44 Atualizada em 30/10/2025 às 12h46
BR-153: abandono na rodovia pedagiada provoca indignação em Marília
Caminhões trafegam sobre asfalto desmantelado na BR-153: a deterioração da pista simples eleva o risco de acidentes

A BR-153, a rodovia Transbrasiliana, essencial para o escoamento da produção e para a ligação entre o Sul e o Norte do Brasil, apresenta um cenário de grave deterioração no trecho que corta o Interior paulista, especialmente em Marília e região. As imagens registradas neste início de outubro de 2025 revelam o estado precário da pista, marcada por fissuras profundas, desagregação do asfalto e remendos ineficazes, colocando em risco a segurança dos motoristas em uma estrada que é de pista simples, com mão e contramão. Esta condição é motivo de profunda indignação, visto que se trata de uma rodovia concedida à iniciativa privada e que cobra pedágio pelo seu uso. 

A situação é ainda mais crítica ao se considerar a cobrança do pedágio. Atualmente, os usuários que passam pela praça de Marília (SP) pagam uma tarifa de R$ 10,10, um custo que, teoricamente, deveria ser revertido em serviços de alta qualidade e manutenção impecável. No entanto, o que se observa na prática, do trecho próximo de Marília,  Lupércio e Ocauçu, é um pavimento que se desfaz e oferece perigo constante. 

A equipe de reportagem do jornal A Cidade já havia abordado este tema no primeiro semestre de 2025, ocasião em que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) confirmou que a implantação de terceiras faixas na BR-153, uma exigência contratual, está prevista apenas para ocorrer entre o 19º e o 21º ano da concessão. Como o contrato da Triunfo Transbrasiliana está no 18º ano de vigência, a melhoria estrutural só deve ser entregue por volta de 2028, ou seja, daqui a três anos, uma espera que parece inaceitável diante das atuais condições da pista. 

Apesar da lentidão nas grandes obras, a ANTT tem atuado na fiscalização da manutenção. Conforme apurado no primeiro semestre, a Agência intensificou o acompanhamento e a cobrança de serviços básicos. Em 2025, até o dia 31 de março, a ANTT emitiu 59 Termos de Registro de Ocorrência (TROs) à concessionária, sendo que 15 questionaram diretamente a qualidade do pavimento. O não atendimento a essas notificações resultou na aplicação de 6 autos de infração, além de outros seis lavrados após a análise de monitoramento anual. 

Movimento intenso de veículos na BR-153, uma rodovia vital para o interior paulista que exige urgência em manutenção

Situação preocupante continua 

O cenário atual, flagrado em outubro de 2025, sugere que as medidas punitivas e os reparos pontuais não estão sendo suficientes para reverter o quadro de deterioração. As fotos mostram a pista literalmente se desmanchando, com buracos e trilhas de roda que comprometem a dirigibilidade dos veículos, especialmente dos caminhões pesados que são o foco da rodovia Transbrasiliana. 

A urgência das intervenções no asfalto contrasta com a inércia percebida nas obras de ampliação. A pista simples, com o volume crescente de tráfego, já deveria ter sido duplicada ou ter recebido as faixas adicionais há anos. A espera até 2028, conforme o que a ANTT informou à reportagem no primeiro semestre de 2025, prolonga o risco e o desconforto para milhares de motoristas. 

A concessionária Triunfo Transbrasiliana tem o dever contratual de garantir a fluidez e, acima de tudo, a segurança da rodovia. No entanto, a condição da BR-153 hoje levanta questionamentos sobre a efetividade da gestão privada do trecho. O lucro obtido com o pedágio deve ser compatível com a qualidade do serviço prestado, o que, visivelmente, não está ocorrendo. 

Os usuários, por sua vez, são parte fundamental na cobrança por melhorias. A ANTT reforça que os motoristas podem reportar problemas diretamente à concessionária, e, em caso de falta de solução, registrar reclamações na Ouvidoria da ANTT, por meio do telefone 166 ou pelo site oficial. As denúncias são cruciais para pressionar a concessionária e fortalecer a fiscalização. 

A degradação da BR-153 é uma afronta ao compromisso firmado pela concessionária e um descaso com a vida de quem trafega pela rodovia diariamente. Não se pode esperar mais três anos para que uma intervenção definitiva seja realizada, enquanto o risco de acidentes aumenta a cada dia em uma pista pedagiada e fundamental para o desenvolvimento regional. A população de Marília e de todo o trecho sob concessão exige respeito e uma rodovia que justifique a tarifa cobrada. 

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