
Um estudo liderado pelo instituto Tewá 225, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) até 2030, aponta Marília entre as 319 cidades brasileiras com o pior cenário para a população feminina. O ranking elenca os piores municípios para as mulheres, sendo liderado por Paranaguá (PR), seguido por São Pedro da Aldeia (RJ) e Camaçari (BA).
O levantamento revela que cerca de 85% dos 319 municípios analisados apresentam uma performance "Muito Baixa" na promoção da igualdade de gênero. A análise regional dos resultados demonstra pequenas disparidades. As regiões Sul e Sudeste, por exemplo, registraram médias mais altas no índice ODS 5, com 36,4 e 34,8 pontos, respectivamente, destacando-se pela concentração de municípios com melhores resultados, como Araras (SP) e São Caetano do Sul (SP).
Em contrapartida, as regiões Nordeste e Norte tiveram médias em torno de 33,7 e 31,4, o que reforça a necessidade de intervenções mais eficazes para promover a igualdade de gênero nessas áreas. A desigualdade regional se acentua ao se observar as extremidades do ranking: 80% dos 10 municípios mais bem classificados são do eixo Sul-Sudeste, enquanto 50% dos 10 piores municípios para mulheres estão no eixo Norte-Nordeste.
O levantamento aponta que economias fortes nem sempre garantem a distribuição equitativa de riqueza, o que é evidenciado pela fraca, mas presente, correlação entre a pontuação dos municípios no ranking e o PIB per capita. A análise comparativa das atividades econômicas mostra uma presença mais significativa do agronegócio nas cidades com pior desempenho. Outro dado relevante é que, entre as cidades amazônicas, 97% pontuam com uma igualdade de gênero “Muito Baixa”, o que revela um cenário preocupante para as mulheres residentes e exige a formulação de políticas públicas direcionadas.
Marília e o Interior de São Paulo
A pesquisa classifica Marília na 208ª posição entre as piores cidades, com 37,27 pontos, em uma condição de "Muito Baixa". Cidades próximas do interior de São Paulo tiveram um desempenho melhor no ranking, como Bauru, a 100 quilômetros, que é a 290ª, apesar de também ser classificada com um "nível baixo" de perspectiva e segurança. Araçatuba aparece na 226ª posição, Botucatu na 228ª, Presidente Prudente na 254ª, Jaú na 267ª e Ribeirão Preto na 279ª.
De acordo com os dados do estudo, Marília não está conseguindo oferecer um cenário de maior dignidade, inclusão e desenvolvimento para as mulheres, tampouco favorecendo a igualdade de gênero. Um exemplo local é o projeto da Casa da Mulher, um abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica, que segue com a construção paralisada. Uma reportagem do jornal A Cidade esteve na obra, que fica na Rua Osório Alves de Castro, no bairro Fragata, e não encontrou nenhum sinal de retomada dos trabalhos. A construção, que está parada desde o governo municipal anterior, irá oferecer mais estrutura para o enfrentamento da violência doméstica.
O levantamento do instituto Tewá 225 apresenta um panorama sobre a igualdade de gênero no Brasil, com base em indicadores de desenvolvimento sustentável. O estudo coloca em discussão o cenário das mulheres nas cidades do interior paulista e de outras regiões do Brasil e evidencia a necessidade de políticas públicas voltadas para essa questão.