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Marília poderia adotar estrutura da rede particular para atendimentos veterinários a tutores de baixa renda

Sugestão do professor doutor e médico veterinário Fábio Manhoso envolveria convênio com a Associação dos Médicos Veterinários de Marília e Região e clínicas privadas

Por: Redação
24/08/2025 às 12h37 Atualizada em 29/08/2025 às 20h45
Marília poderia adotar estrutura da rede particular para atendimentos veterinários a tutores de baixa renda
Marília poderia adotar convênio com a rede particular para assegurar atendimento veterinário

Marília ainda estuda uma abordagem efetiva para garantir o acesso a serviços veterinários para tutores de baixa renda. Uma das propostas apresentada pelo professor doutor e médico veterinário Fábio Manhoso em entrevista ao jornal A Cidade, sugere um convênio entre o Poder Público e a rede particular de consultórios e clínicas. Esta parceria também envolveria os 3 hospitais veterinários que existem atualmente na cidade. O objetivo é utilizar a estrutura já existente para atender tutores em situação de vulnerabilidade social, que muitas vezes não têm condições financeiras de arcar com os cuidados de seus animais de estimação.

A sugestão do especialista, que atuou como consultor técnico para a elaboração do Código Zoossanitário de Marília, surge em um momento em que a cidade ainda não regulamentou a Lei que trata da causa animal, mesmo após sua promulgação. A ausência de um censo de animais errantes e a crescente onda de denúncias de maus-tratos, com casos de prisões de agressores, mostram a urgência de políticas públicas mais eficazes para o setor.

Manhoso detalhou a proposta, explicando que a parceria com a Associação dos Médicos Veterinários de Marília e Região poderia ser a chave para viabilizar o atendimento. “Hoje Marília tem três hospitais veterinários e em torno de 30 clínicas veterinárias, não estou falando de consultório. Eu vejo como uma forma do município de Marília poder viabilizar um atendimento às pessoas mais vulneráveis e que possuem animais de estimação seria por meio de uma parceria com a Associação dos Médicos Veterinários de Marília e Região no sentido de utilizar da estrutura veterinária que a cidade já possui”, afirmou.

A triagem para o atendimento gratuito poderia ser feita por meio do Cadastro Único (CadÚnico), ferramenta já utilizada pela Secretaria Municipal de Assistência Social para gerir programas sociais como o Bolsa Família. “De repente a mesma população que está cadastrada nestes programas, por justiça social, seria a que poderia ser atendida nestes convênios para a assistência veterinária gratuita”, complementou.

A iniciativa, se adotada, representaria uma valorização dos profissionais locais e garantiria um serviço de qualidade para uma parcela da população que hoje está desassistida. O professor ressaltou a qualidade da infraestrutura veterinária de Marília. “Marília é privilegiada na estrutura veterinária, não apenas em quantidade mas em qualidade”, salientou, reforçando que a cidade poderia ser “pioneira neste tipo de assistência veterinária como política pública”.

Fábio Manhoso defende a ampliação da causa animal, não restringindo a apenas cães e gatos - Foto: Divulgação

Política de Estado

O médico veterinário mencionou outras iniciativas em andamento em esferas estaduais e federais, como o projeto ‘Pet Contender’, que oferece consultórios para atendimento gratuito mantidos pelo município, e a proposta de hospitais veterinários públicos, viabilizados pelo Estado, mas com a manutenção a cargo da administração municipal.

Ele contextualizou a necessidade de regulamentação, destacando a mudança na percepção social sobre a posse responsável. “Hoje as pessoas no Brasil têm mais animais de estimação do que filhos. O brasileiro está envelhecendo e o que observamos é a presença dos animais em vários momentos, inclusive para suporte psicológico. Com isso, claro, há uma demanda política para que haja regulamentação”, explicou.

Atualmente falta a efetivação em Marília de uma lei municipal que prevê a criação de uma espécie de ‘SUS’ Animal, uma rede de atendimento veterinário para tutores de baixa renda. Embora a medida tenha sido aprovada na Legislatura anterior, a medida até agora não saiu do papel, deixando uma lacuna no cuidado com os animais.

Causa animal mais ampla

O professor Manhoso fez uma reflexão crítica sobre a ‘causa animal’ na política, questionando a seletividade da defesa. “Por que no Brasil é crime somente os maus-tratos a cães e gatos? Por que será que os políticos aparecem com os animais sempre cães e gatos? Penso que não podemos usar politicamente animais”, ponderou, argumentando que a causa animal deveria ser mais abrangente, incluindo todos os animais e não apenas cães e gatos.

A discussão sobre a proposta de Fábio Manhoso para Marília demonstra um caminho para a cidade enfrentar o desafio de oferecer suporte veterinário à população de baixa renda, utilizando a estrutura local e promovendo uma política pública inovadora e sustentável.

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