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Entrave entre Rede VOA e Aeroclube trava melhoria no aeroporto e Marília assiste número de embarques cair quase 40%

Embarques nos 5 primeiros meses foram bem menores, segundo dados obtidos pela reportagem junto à concessionária

Por: Redação
17/06/2025 às 16h58
Entrave entre Rede VOA e Aeroclube trava melhoria no aeroporto e Marília assiste número de embarques cair quase 40%
Queda no volume de passageiros é confirmada em dados divulgados pela VOA - Foto: Cristiano Gonçalves/ Jornal A Cidade

O aeroporto de Marília enfrenta um cenário preocupante: a melhoria da sua infraestrutura está travada devido a um impasse legal, enquanto a cidade vê o número de passageiros despencar. Entre janeiro e maio de 2024, 8.719 passageiros embarcaram no aeroporto de Marília. Contudo, nos cinco primeiros meses de 2025, o volume recuou em quase 40%, mais precisamente em 37%, caindo para 5.494 embarques. O balanço alarmante foi divulgado pela concessionária Rede VOA, responsável pela gestão do terminal, a pedido da reportagem do jornal A Cidade, revelando o impacto direto do entrave na movimentação aérea local.

Enquanto Marília e região veem a busca pelo transporte aéreo esvaziar, o impasse entre a Rede VOA e o Aeroclube de Marília se arrasta. As instalações do Aeroclube foram recentemente tombadas pelo patrimônio histórico da cidade, uma medida que pegou de surpresa a concessionária e o próprio Governo do Estado de São Paulo. A Rede VOA, que assumiu a gestão e o desenvolvimento de 16 aeroportos paulistas em 2022, já havia dado início aos investimentos previstos no Plano Geral de Investimentos (PGI) para 2025.

Entre os investimentos programados, destaca-se o desenvolvimento do terminal de passageiros do Aeroporto de Marília, cuja entrega seria antecipada de 2028 para 2026. No entanto, o tombamento do Aeroclube, aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pela Prefeitura Municipal sem prévia consulta à concessionária ou ao Governo do Estado, inviabilizou o início dessas obras. A medida impede qualquer alteração arquitetônica na área tombada, paralisando o projeto de expansão e modernização do terminal.

Diante desse cenário, a Rede VOA se viu obrigada a adotar as medidas judiciais cabíveis, buscando a revogação da lei municipal que declarou o tombamento do Aeroclube, especialmente da área pertencente ao sítio aeroportuário. A concessionária argumenta que a Prefeitura não observou os trâmites legais exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro para a efetivação de tal ato. “O início das obras está condicionado à resolução deste decreto municipal que definiu o tombamento da área do Aeroclube e impede qualquer tipo de intervenção e melhoria no terminal de passageiros do Aeroporto de Marília, pois acarreta desequilíbrio financeiro à concessão junto ao Governo do Estado de São Paulo”, reforça o CEO da Rede VOA, Marcel Moure.

 Ciente da situação, o Governo do Estado de São Paulo avalia as medidas administrativas e jurídicas a serem adotadas, considerando que se trata de uma área de propriedade da União, delegada ao Estado e, posteriormente, assumida pela Rede VOA em decorrência de concorrência pública realizada em 2021.

O impasse continua, enquanto isso aeroporto não se moderniza

 Recuo nos embarques e desembarques

 A análise dos dados de movimentação do aeroporto de Marília revela um impacto direto do cenário atual. No segmento de voos comerciais, que incluem as linhas aéreas convencionais, os números apontam para uma retração considerável. Entre janeiro e maio de 2024, foram registrados 408 movimentos de pousos e decolagens, com um total de 17.558 passageiros embarcados ou desembarcados. No mesmo período de 2025, os movimentos caíram para 287, uma redução de 29,66%, e o fluxo de passageiros recuou para 10.697, representando uma queda de 39,08%.

 Já a aviação executiva, que abrange os voos de jatos particulares e aqueles que partem de hangares no aeroporto de Marília, apresentou um comportamento distinto no número de movimentos. Houve um aumento de 10,78% nos movimentos totais, passando de 1.726 em 2024 para 1.912 em 2025. No entanto, apesar do maior número de voos, o volume de passageiros neste segmento também registrou queda, recuando 34,79%, de 779 passageiros em 2024 para 508 em 2025.

 Especificamente no quesito embarque, entre janeiro e maio de 2024, 8.719 passageiros embarcaram no aeroporto de Marília. Porém, nos cinco primeiros meses de 2025, o volume recuou em 37%, caindo para 5.494 embarques. Isso mostra que, a falta de melhores instalações para o terminal, fruto agora do imbróglio jurídico e administrativo entre a Rede VOA e o Aeroclube de Marília, está afetando diretamente os voos na cidade, resultando em uma queda expressiva no número de passageiros, principalmente no setor comercial, e impactando a capacidade de expansão e modernização do terminal aéreo.

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