14°C 26°C
Marília, SP
Publicidade

Falta de estrutura em pontos de ônibus é realidade em mais de 85% de todo o território urbano de Marília, aponta IBGE

Dado apontado pelo Censo proporciona desconforto e afeta cotidiano de pessoas, como a do aposentado Ademir Martinez

Por: Redação
09/06/2025 às 13h11 Atualizada em 12/06/2025 às 21h47
Falta de estrutura em pontos de ônibus é realidade em mais de 85% de todo o território urbano de Marília, aponta IBGE
Ponto ao léu: matagal toma conta de área reservada para o ponto do transporte coletivo

Ao menos uma vez por semana, o aposentado Ademir Martinez caminha alguns metros na rua de sua casa, no Jardim Bandeirantes, e se dirige a um dos dois pontos de ônibus existentes na via Luiz Gatti, zona Oeste. São afazeres que ele não consegue realizar nas proximidades de sua casa e, então, o jeito é se dirigir ao centro de Marília, onde estão agências bancárias, repartições municipais, casas lotéricas e o comércio em geral. Acontece que, mesmo possuindo dois pontos bem próximos de sua casa, os dois não oferecem a menor estrutura, seja para o seu Ademir ou para qualquer um dos moradores daquela região do Jardim Bandeirantes.

 “Anos atrás estes dois pontos tinham até cobertura, inclusive bancos. Mas, foi destruído por vândalos. Até mesmo um caminhão desgovernado bateu e acabou derrubando uma destas coberturas. Agora, não temos mais nada: nem cobertura e nem banco”, comentou. A situação de desamparo e a ausência de estrutura nestes dois pontos - e em outros - não é uma realidade de agora. Conforme dados do Censo 2022, elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), mais de 85% do território mariliense não conta com ponto de ônibus adequado. São mais de 73,6 mil espaços públicos sem condições de abrigar os passageiros - como o seu Ademir - enquanto aguardam o ônibus. “De hora em hora o ônibus passa aqui na minha rua, e isso de fato não é um problema. O problema maior que enfrentamos aqui é a falta de um ponto”, reclamou, e com razão, o morador do Bandeirantes.

 Os dois pontos vizinhos do aposentado, além de não terem nenhuma estrutura, estão numa área sem calçada - ou passeio público - e tomado pelo matagal. Aliás, a vizinha do seu Ademir, a senhora Rosângela da Silva lamenta as duas situações: a falta do ponto com cobertura e bancos e o mato. “Outro dia jogaram até um cachorro morto aí e o cheiro vai lá na minha cozinha bem na hora que estou fazendo o almoço”, revelou. Há mais de 10 anos ela vive na zona Oeste e, sem condução própria, depende quase que exclusivamente dos ônibus da concessionária de transporte.

Seu Ademir tem que aguardar no sol a chegada do ônibus no Jardim Bandeirantes

 Não muito longe dali, da rua Luiz Gatti, a reportagem do Jornal A Cidade flagrou outra situação inusitada envolvendo os pontos do transporte coletivo. Na rua Romildo Capellozzi, no mesmo Jardim Bandeirantes, dois troncos de árvores fazem as vezes de banco, enquanto um velho sofá abandonado pode até servir de assento, mas quase ninguém senta ali com medo de algum bicho, inclusive escorpião. “Aqui na minha rua matei seis escorpiões recentemente”, revelou o aposentado Ademir.

 Em recente entrevista ao Jornal A Cidade, o Município informou que a atual administração está prestes a realizar nova licitação para a concessão do transporte urbano. Incluir a estruturação de pontos de ônibus - garantindo conforto, segurança e proteção aos passageiros - poderia constar numa das cláusulas para a terceirização deste serviço.

Sem abrigo em parada, moradores colocam tronco embaixo de árvore para esperar ônibus na sombra

 Relembre a informação

 Conforme o Jornal A Cidade noticiou no mês de fevereiro, o contrato atual com as empresas concessionárias do transporte coletivo de Marília, assinado em dezembro de 2011 e com início de operação em maio de 2013, tem validade até 2026. De acordo com a diretoria de comunicação, a Prefeitura Municipal planeja a nova licitação, que promete trazer mudanças importantes para o sistema. No começo do ano, semanas após assumir seu 2º mandato, o prefeito Vinicius Camarinha (PSDB) utilizou um dos ônibus para ir até um compromisso de sua agenda de trabalho. No trajeto, o chefe do Executivo conferiu todas as condições do veículo.

 Uma das principais novidades da nova licitação, de acordo com as informações divulgadas pela Diretoria de Comunicação e Divulgação após questionamentos apresentados pela reportagem do Jornal Cidade, será a exigência de que todos os ônibus sejam equipados com ar-condicionado e sistema de internet wi-fi. Essa medida visa oferecer mais conforto e comodidade aos usuários do transporte público. Atualmente, a responsabilidade pela manutenção dos pontos de ônibus é da Prefeitura, por meio da Emdurb. Contudo, a nova licitação poderá trazer mudanças nesse aspecto, com a possibilidade de que as empresas concessionárias sejam responsabilizadas pela manutenção dos pontos.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários