A geografia partidária em Marília, principalmente no que se refere a atual base governista no Poder Legislativo, poderá sofrer mudanças significativas dentro dos próximos meses. Com as fusões de partidos em federações, o cenário partidário na Câmara Municipal poderá provocar uma ‘dança das cadeiras’, prevê o cientista político e professor universitário, Marcelo Fernandes. “A dinâmica local, a partir destas coligações fixas, de longo prazo - aliás, de pelo menos dois anos de eleição em eleição - poderá sofrer algumas alterações”, contextualizou.
As novas federações, teoricamente, irão reduzir de 29 para 24 o número de partidos políticos no Brasil. Uma década atrás, em 2015, a quantidade de legendas partidárias era 35. Hoje, portanto, são 29, com tendência para fixar em 24 antes das eleições do próximo ano, quando serão eleitos deputados, senadores, governadores e o presidente da República. “Uma vez coligados em federação, os partidos precisam caminhar juntos e lançar candidatos tanto ao Poder Executivo, quanto ao Poder Legislativo de forma atrelada, como se fossem, de fato, um único partido. Então, esse é o espírito dessas federações que estão previstas na legislação eleitoral brasileira”, explicou o professor doutor e cientista político.
Em Marília, a federação que reúne os partidos de esquerda das legendas do PT, PV e do PC do B, que lançaram candidatos nas eleições municipais, agora, deverá lançar candidatos para as eleições gerais. “Está se desenhando uma coligação de centro-direita, reunindo os partidos PP e o União Brasil. Acontece aí, especificamente em Marília, uma situação diferente. Porque o PP, localmente, tem a vice-prefeitura, com o Rogerinho, e três cadeiras no Legislativo, que são base do atual prefeito. Contudo, a cadeira do União Brasil, representada pelo Agente Federal Júnior Féffin, não integra a base governista”, pontuou o cientista. Os vereadores Thiaguinho, Dr Elio Ajeka e Batata Corredato, do PP, formam o bloco governista, mas Féffin tem comportamento independente, votando de forma diferente dos demais parlamentares da situação.
“Essa nova federação, PP e União Brasil, tem previsão para durar pelos próximos 4 anos. Dentro deste contexto, o vereador Feffin, por exemplo, pode optar por deixar a legenda sem que perca o mandato. Situação similar é a outra federação que está se configurando, com o MDB e o Republicanos”, contextualiza Fernandes. O MDB não tem cadeira na Câmara de Marília, contudo o Republicanos têm. Acontece que nas eleições de 2024, o Republicanos esteve em chapa majoritária na vice-candidatura - Eduardo Nascimento foi vice na chapa de Garcia da Hadassa, que terminou em 3º lugar na corrida eleitoral. Diferentemente do MDB, sem representação na Câmara de Marília, o Republicanos está representado pela vereadora Vânia Ramos, que, na teoria, iria ser a liderança desta federação na Câmara de Marília. “Provavelmente a vereadora Vânia Ramos representará esta federação, mas, do contrário, ela também teria o direito de mudar de partido, sem perder o mandato”.
Podemos e PSDB
Na visão de Marcelo Fernandes a federação Podemos e PSDB, no atual cenário, é a que menos poderá gerar entraves ou alterações radicais. Ambos partidos já estão na base do prefeito Vinícius Camarinha, inclusive representados tanto pelo atual presidente da Câmara, vereador Danilo da Saúde (PSDB), quanto pelo líder de governo, Marcos Custódio (Podemos).
“No caso da Federação PSDB e Podemos, pelo menos aqui em Marília, praticamente, estes dois partidos que já atuavam em fusão. Visto que o prefeito eleito Vinícius Camarinho é do PSDB, enquanto seu pai Abelardo Camarinha e sua madrasta Fabiana são os detentores do poder no Podemos local. Portanto, essa federação colocará pai e filho juntos novamente dentro de uma mesma coligação, praticamente, dentro de um mesmo partido”, frisou. Dessa forma, para o próximo ano, a federação PSDB e Podemos, deverá entrar em acordo mútuo para lançar candidaturas a deputado estadual e deputado federal em 2026. “E assim, também, para as eleições municipais de 2028”, previu Fernandes.
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