Cidades Dia do Trabalhador
Lideranças dos trabalhadores de Marília analisam os desafios do 1º de maio
Representantes de categorias essenciais à economia local ponderam sobre a luta pela isenção na tabela do Imposto de Renda e a jornada de 40 horas semanais
01/05/2025 15h08 Atualizada há 2 meses
Por: Redação

O Jornal A Cidade inicia uma série de entrevistas especiais com as principais lideranças dos trabalhadores de Marília, um município de alta produtividade, com profissões essenciais e de grande relevância para o progresso do país, que concentra importantes sindicatos dedicados ao amparo e à proteção da classe trabalhadora local. Nesta primeira reportagem da série, foram ouvidos Irton Siqueira Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Marília e Região; Wilson Vidotto Manzon, ex-vereador e atual presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Alimentícia de Marília; e Edilson Julian, presidente do Sindicato dos Bancários de Marília e Região e atual secretário de finanças da Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

O presidente Irton Siqueira Torres salientou que o Congresso Nacional, em sua avaliação está mais inclinado a defender os interesses dos empregadores, deveria aproveitar o 1º de maio para retomar a correção da reforma trabalhista, constituída no governo de Michel Temer, e que prejudicou diversas categorias profissionais.

Irton Siqueira Torres, dos metalúrgicos, ponderou sobre as pautas mais relevantes para o 1º de maio

No caso específico dos metalúrgicos, a perda não foi tão significativa devido à cláusula da reforma que estabelece a prevalência do negociado sobre o legislado, permitindo que o acordo coletivo da categoria contemple benefícios e conquistas superiores aos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Contudo, Irton ressaltou o risco constante de retrocessos a cada negociação da data-base. “Em 20 anos, os metalúrgicos não sofreram perdas, contudo, seria mais assertivo que a CLT já contemplasse todos os benefícios diretamente”, afirmou o presidente do sindicato.

Ainda na entrevista, Irton Siqueira Torres refletiu sobre as pautas mais importantes para o 1º de maio de 2025, a ser celebrado nets quinta-feira.

Entre elas, destaca-se a isenção do pagamento de Imposto de Renda para uma faixa salarial mais ampla e a jornada semanal de 40 horas. “Salário não é renda, salário é para o básico do trabalhador, custear alimentação e moradia, portanto, jamais deveriam cobrar imposto de renda da classe trabalhadora”, sustentou Irton. Essa mesma defesa pela isenção do Imposto de Renda para os trabalhadores é compartilhada por Wilson Vidotto Manzon, líder sindical dos trabalhadores da alimentação, que também aponta a jornada de 40 horas semanais como uma pauta central para o Dia do Trabalhador.

A cada etapa, novos desafios salientou o presidente Wilson Vidotto Manzon

Novos desafios

“À medida que a sociedade avança, novas demandas surgem. É o caso, por exemplo, dos trabalhadores que possuem na família filhos com alguma necessidade especial, a exemplo do TEA. Antes, este assunto não entrava nas reivindicações da categoria, contudo, nos últimos anos, muitos passaram a ter na família pessoas que necessitam de cuidados especiais.

Tanto que existe em determinados acordos coletivos um percentual de 25% de acréscimo salarial para os trabalhadores poderem custear a contratação de uma pessoa para auxiliar nos cuidados dos dependentes com necessidades especiais”, ponderou Vidotto.

Sobre a jornada de 40 horas semanais, Vidotto, que já exerceu o cargo de vereador, lembrou que a Constituição de 1988 já poderia tê-la definido, uma vez que, naquela época, a jornada era de 42 horas semanais, e houve um acréscimo para as atuais 44 horas. “Uma vez instituídas as 40 horas semanais, novas vagas surgirão e sobrará mais tempo para que os trabalhadores possam encontrar equilíbrio e qualidade de vida”, observou Vidotto, que também apontou a dificuldade de uma família ser sustentada apenas pela força de trabalho de um dos cônjuges, levando pais e mães a trabalharem enquanto os filhos permanecem sozinhos. “A jornada de 40 horas é uma bandeira histórica, que contemplaria mais benefícios às famílias brasileiras”, concluiu.

40 horas semanais

A luta pelas 40 horas semanais tem seu palco principal em Brasília, e para lá, dentro dos próximos dias, deverá seguir o presidente do Sindicato dos Bancários de Marília e Região, Edilson Julian, para reforçar as reivindicações em prol dos trabalhadores bancários. Julian, que também ocupa o cargo de secretário de finanças da Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, destaca uma preocupação específica da categoria: o fechamento de agências.

Presidente dos bancários, Edilson Julian reforçou que o 1º de maio fortalece e valoriza os trabalhadores

“O afastamento por saúde mental é uma constante nos bancários e isso também preocupa muito. O fechamento de agências implica em fechamento de postos de trabalho, pois os cargos daquela agência fechada geralmente não são restabelecidos”, explicou Julian, que desejou a todos os trabalhadores um 1º de maio de sucesso. “O primeiro de maio é uma data relevante porque valoriza o trabalhador, agente responsável pela produção e pelo desenvolvimento da economia do Brasil”, finalizou.

O dia 1º de maio é reconhecido mundialmente como o Dia do Trabalhador em memória às manifestações de trabalhadores em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886, que lutavam por melhores condições de trabalho, especialmente pela redução da jornada para oito horas diárias. Essa data se

tornou um símbolo da luta por direitos e melhores condições para a classe trabalhadora em todo o mundo.