Quase metade dos casais em Marília dispensam o ‘sim’ religioso. São mais de 100 mil matrimônios registrados na cidade, totalizando 100.520 uniões, conforme os dados da nupcialidade do Censo 2022. Levantamento inédito ilustra uma mudança significativa no comportamento social do município.

O foco na segurança jurídica e na formalização contratual se tornou um pilar central para os casais. O total de 47.234 uniões não disse sim diante de um pastor, padre ou sacerdote espírita, optando apenas pelo casamento civil ou união consensual. Em termos percentuais, esse número representa uma fatia significativa de 46,99% do universo das uniões, demonstrando que o contrato e a segurança patrimonial possuem hoje peso quase equivalente ao da tradição religiosa.

Apesar da ascensão do casamento técnico, o modelo tradicional ainda prevalece. Exatamente 53.286 casais, ou 53,01% do total, optaram por ambas as formas de celebração, assinando o matrimônio no cartório e realizando o "sim" na igreja, templo ou centro espírita. Ao observar o panorama religioso, a maioria dos católicos (57,46%, ou 34.166 uniões) ainda prefere o casamento civil e religioso. Contudo, 26,14% (15.542) já optam pela união consensual, um tipo de contrato informal que garante direitos, e 15,31% (9.101) preferem apenas o civil.

Entre os evangélicos, a segurança contratual tem maior aceitação individual. Quase metade opta pelo rito completo (49,08% – 17.714), mas a soma de 28,57% (10.313) que escolhe apenas o civil e 21,74% (7.846) pela união consensual, mostra a força do casamento estritamente legal e técnico no grupo.

Composição dos novos núcleos familiares

O grupo de pessoas sem religião manifesta a maior preferência pelo modelo puramente contratual. Mais da metade (50,23% – 2.943 uniões) vive em união consensual, enquanto o casamento civil (25,41%) e o casamento civil e religioso (24%) são minorias, reforçando a tendência de secularização.

Os dados do Censo 2022 sobre a composição familiar em Marília indicam que a quase totalidade dos núcleos é classificada como Família Única, enquanto o convívio principal (que inclui o responsável) representa uma parcela ínfima. Isso sugere que a cidade é composta majoritariamente por unidades familiares independentes, o que é um padrão do cenário demográfico brasileiro.

Casais sem filhos

Ao analisar os tipos de arranjos, o casal com filhos é o modelo mais frequente, somando 29.418 núcleos. Em seguida, o casal sem filhos representa 19.419 unidades, demonstrando que a formação familiar tradicional ainda é dominante, mas com o crescimento de casais que não têm ou não desejam ter prole.

Na chefia de família sem cônjuge, a predominância é feminina. O segmento de mulher sem cônjuge com filhos soma 8.694 unidades familiares. Esse número é significativamente superior ao de homem sem cônjuge com filhos, que contabiliza 1.181 famílias, refletindo a maior responsabilidade parental imposta às mulheres na cidade.

O número de casais que também abrigam parentes é menor: 1.820 para casais sem filhos e 1.934 para casais com filhos. As famílias que incluem parentes, mas são chefiadas por uma mulher sem cônjuge (2.154) ou por um homem sem cônjuge (466), também representam arranjos menos comuns, mas persistentes na estrutura social de Marília.

O comportamento da nupcialidade em Marília aponta para uma sociedade que equilibra tradição e pragmatismo. O casamento completo, que inclui o rito religioso, ainda é majoritário, mas a busca por formas jurídicas (casamento civil e união consensual) está consolidada em quase metade das uniões.